Nestes três primeiros dias de guerra, depois do ataque preventivo de Israel ao Irã, para evitar ser o primeiro alvo no caso dos iranianos chegarem a ter a bomba atômica ou nuclear, fica no ar uma pergunta: e se a bomba já está pronta ou quase pronta num dos subterrâneos destinados à sua fabricação?
Por Rui Martins, editor do Direto da Redação.

Para evitar essa hipótese, os israelenses estão atacando rapidamente todos os alvos dedicados ao enriquecimento de urânio e à montagem final da bomba. Porém, mesmo tendo chegado antes desse risco uma coisa parece certa – nesta altura a intervenção israelense pode ter chegado a tempo de evitar o pior, mas, no caso de parar a guerra, o Irã já estaria avançado demais e poderia recuperar o trabalho perdido com os bombardeios?
Um especialista, citado pela imprensa internacional diz que Israel pode, nesta altura, danificar o programa nuclear iraniano, mas não destruí-lo.
Principalmente a base de Fordo, enterrada ao sul de Teerã, que não pode ser destruída com as bombas israelenses, e sim com a superbomba possuída pelos Estados Unidos.
Por isso, é o que se percebe na virulência dos ataques nas instalações de alimentação elétrica, a fim de paralisar as milhares de centrifugadoras destinadas ao enriquecimento do urânio. Mas Israel já foi alertado para não bombardear diretamente as instalações nucleares, pois isso poderá causar efeitos radioativos perigosos.
Israel parece também empenhado em fragilizar o governo iraniano e obter, com o apoio da população, o ocorrido na Síria com a queda da ditadura de Hafez al Assad.
Embora muita gente boa evite dizer, o Irã é uma ditadura teocrática das mais violentas, ou seja, um governo Agênviareligioso islâmico, que reprime sem piedade qualquer contestação e na qual as principais vítimas têm sido as mulheres, sem os mesmo direitos que a população masculina.
Segundo a imprensa internacional, o governo teocrático não tem o apoio da população e se impõe com a força, porém o ataque vindo do Exterior pode mudar esse quadro. Por enquanto, uma coisa é certa, o Irã, que é persa e não árabe, está sem apoio dos outros países da região.
O risco do Irã ter a bomba atômica, criando insegurança na região e mesmo na Europa, como disse o presidente francês Macron, colocou os países europeus do lado de Israel. Isso vai continuar?
Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.