A pressão aumentou com os relatos de caos em unidades como as de Cidade Nova, Engenhão e Madureira, onde idosos relataram desorganização, ausência de estrutura e falhas recorrentes no sistema.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A pouco mais de duas semanas da obrigatoriedade do novo cartão Jaé para usuários com gratuidade no transporte público do Rio, os postos de atendimento têm registrado cenas de desorganização, filas dobrando quarteirões, idosos passando mal e ausência de estrutura mínima, como cadeiras ou água potável, mostra reportagem do jornal Extra. A partir de 5 de julho, o cartão será exigido para esse público, e, em 2 de agosto, para os demais passageiros. Diante do colapso nos atendimentos, as críticas se multiplicaram, e a Prefeitura do Rio passou a cobrar providências da empresa responsável pela bilhetagem digital, também chamada Jaé.
— A prefeitura não está tendo dificuldade nenhuma em administrar. São erros do Jaé (empresa) e eles vão corrigir. Mas volto a falar, conforme o prefeito colocou: toda mudança tem esse período de maturação, de erros, de acertos. O que importa é sentar à mesa, corrigir e botar em prática os acertos em cima dos erros que aconteceram — declarou ao diário conservador carioca O Globo o secretário municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, Felipe Michel.
Michel, que também preside o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa (Condep), reconheceu as falhas e afirmou que uma série de medidas emergenciais será adotada a partir da próxima segunda-feira. Entre elas, estão a instalação de cadeiras nos postos, distribuição de água e reforço nas equipes com uso de tablets para agilizar o atendimento. Ele garantiu que a prefeitura tem acompanhado de perto a situação e cobrado a operadora do sistema.
A pressão aumentou com os relatos de caos em unidades como as de Cidade Nova, Engenhão e Madureira, onde idosos relataram desorganização, ausência de estrutura e falhas recorrentes no sistema. Muitos chegam aos locais após receberem mensagens de que o cartão estaria pronto, mas descobrem que o nome não consta no sistema ou que o bilhete sequer foi confeccionado.
— Pessoas com problemas de circulação no joelho e outras condições associadas à idade não podem ficar horas em pé. Já cobramos essas medidas. A empresa se comprometeu a garantir estrutura mínima em todos os postos. Os de maior movimento, como Engenhão, Madureira e Cidade Nova, terão reforço especial — disse o secretário.
Na tentativa de conter a crise, uma reunião emergencial foi marcada para esta sexta-feira com a participação da Secretaria de Envelhecimento Saudável, da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) e da empresa Jaé. O objetivo, segundo Michel, é alinhar ações de contingência para resolver os problemas relatados pelos usuários antes da mudança oficial do sistema.
— Devido ao dia 5 de julho ser próximo, essa operação teve alguns erros que serão corrigidos. Convocamos uma reunião entre a secretaria de envelhecimento saudável, Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) e o Jaé para podermos sentar à mesa e corrigir esses erros — afirmou Michel.
Polos emergenciais
Além das mudanças nos postos já existentes, a prefeitura planeja abrir polos emergenciais em casas de convivência mantidas pela secretaria, como as de Botafogo e Madureira, além de usar a sede do órgão, no décimo andar da prefeitura, no Centro do Rio.
Mesmo com essas medidas, continuam os relatos de falhas na entrega domiciliar dos cartões. Embora a prefeitura oriente que os pedidos sejam feitos pela internet com promessa de entrega gratuita em até dez dias úteis, há registros de solicitações feitas ainda em fevereiro que nunca chegaram, obrigando os beneficiários a encarar filas para receber o cartão que deveria ter sido entregue em casa.
— Concordo plenamente. Também identificamos esses casos. São erros operacionais que precisam ser corrigidos — afirmou Michel.
O secretário destacou que as falhas não se restringem aos cartões de gratuidade. Toda a operação do sistema, incluindo bilhetes pagos, tem sido afetada. Ele afirmou que a prefeitura está fiscalizando in loco, ouvindo as queixas da população e pressionando a empresa a corrigir as falhas com urgência.
— As pessoas idosas precisam de respeito, dignidade e segurança. O que não pode acontecer é alguém esperar horas e voltar para casa de mãos vazias — declarou.
Segundo Michel, o prefeito Eduardo Paes tem acompanhado a situação e deu “carta-branca” para que ele cobre providências da operadora e garanta a regularização do sistema até o início da obrigatoriedade para usuários com gratuidade.
— O mínimo que essas pessoas merecem é poder sentar, beber água e serem atendidas com rapidez. Estamos cobrando, acompanhando e fiscalizando de perto. O compromisso é garantir conforto e respeito — concluiu.
Procurada, a empresa Jaé não respondeu até a publicação desta reportagem.
