Rio de Janeiro, 30 de Junho de 2025

Preço da carne de frango oferece um respiro para índices de inflação

Entenda como as restrições à exportação de carne de frango no Brasil podem impactar a inflação de alimentos e a economia do país.

Quarta, 21 de Maio de 2025 às 21:04, por: CdB

O Brasil, maior exportador mundial de aves, vende cerca de um terço de sua carne de frango nos mercados internacionais, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), nesta quarta-feira.

Por Redação, com Reuters – de São Paulo

Restrições à exportação de aves impostas após o anúncio de surto de gripe aviária no Brasil podem contribuir para a redução dos preços da carne de frango, oferecendo algum alívio — ainda que de curta duração — à inflação persistente de alimentos que tem afetado a popularidade do governo, disseram analistas à agência inglesa de notícias Reuters.

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O Brasil, maior exportador mundial de aves, vende cerca de um terço de sua carne de frango nos mercados internacionais, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), nesta quarta-feira. O Rio Grande do Sul, onde o primeiro caso da doença em granja comercial foi identificado, foi responsável por cerca de 12% dos frangos abatidos no Brasil no ano passado, segundo dados do Ministério da Agricultura.

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) incentivou na quarta-feira o uso do zoneamento, método que concentra o controle de doenças nas regiões afetadas em vez de no país inteiro, para conter a disseminação da doença no Brasil e, ao mesmo tempo, manter o comércio.

 

Produção

Mas com dezenas de países suspendendo as importações de todo o frango brasileiro ou das criações do Rio Grande do Sul, exportadores estão se esforçando para redirecionar a produção.

Grandes produtores de aves, como a BRF SA e a JBS SA, provavelmente enfrentarão problemas de excesso de oferta no curto prazo que podem pressionar para baixo os preços domésticos, disseram analistas da corretora XP a clientes, dependendo da duração das restrições à exportação.

Parte das exportações brasileiras encontrará novos compradores estrangeiros, “mas o mercado interno provavelmente absorverá mais oferta”, observou José Carlos Hausknecht, sócio da consultoria MB Agro.

— Seria efeito pequeno e de curto prazo. Mas depois volta à normalidade — calcula.

 

Aves e ovos

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que inicialmente destacou a perspectiva de preços internos mais baixos com a entrada em vigor das proibições comerciais, desde então já relativizou a relevância desse impacto nos preços. A inflação dos alimentos tem assombrado o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), prejudicando suas chances de reeleição no próximo ano, com os preços ao consumidor medidos pelo IPCA subindo 5,5% nos 12 meses até abril.

Os preços dos alimentos, componente mais pesado da cesta de inflação, subiram 7,8% no período, com os preços de aves e ovos subindo 12,3%, segundo o IBGE. André Braz, coordenador de índices de preços do FGV Ibre, afirmou que ainda é cedo para prever um impacto positivo na inflação, observando que as empresas avícolas também provavelmente reduzirão a produção se os preços internos caírem abaixo dos custos de produção.

Qualquer eventual impacto desinflacionário provavelmente será marginal, disse Adenauer Rockenmeyer, economista e coordenador do Fórum do Agronegócio do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP).

— E se não for contido esse foco e ele se alastrar para as demais granjas, vai ter abate enorme desses animais, afetando a oferta não só de frango como de ovos — resumiu, após observar que tal cenário pressionaria para cima a inflação.

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